INTRODUÇÃO
Este relatório tem por objetivo descrever todas as atividades realizadas
na Prática Profissional Supervisionada. Num primeiro momento conversei com uma
professora do Colégio Estadual Mal. Cândido Rondon sobre aprendizagem e
desenvolvimento, depois realizei uma entrevista com uma funcionária da
secretaria sobre sua satisfação em realizar suas, como era a escola quando ela
era aluna e como é hoje, e soluções que ela apontaria para melhorar a educação.
Num segundo momento, pesquisei na escola de estágio, C.E. Francisco Azevedo
Macedo, o que diz no PPP sobre inclusão, e perguntei a pedagoga como ocorre
esse processo na escola.
DESENVOLVIMENTO
Comecei a realizar as atividades
no meu local de trabalho. Conversei com uma professora do Colégio Estadual Mal.
Cândido Rondon sobre aprendizagem e desenvolvimento, perguntei o que para ela,
era cada um e se eles se relacionavam entre si. Sua resposta foi a seguinte:
“A aprendizagem é alçada a uma posição de
extrema importância, na medida em que se constitui em condição fundamental para
o desenvolvimento das características humanas não naturais, mas formadas
historicamente, o que equivale dizer, para o “ser e agir” no mundo.
Aprendizagem e desenvolvimento se
correlacionam, para haver aprendizagem necessita do desenvolvimento, e havendo
o desenvolvimento acontece a aprendizagem. Pois um processo de aprendizagem
organizado ativa processos de desenvolvimento. Entendo que a partir da
aprendizagem efetiva há o desenvolvimento intelectual do educando, pois sem
aprendizagem não há desenvolvimento. Se o educando não aprende ele fica no
mesmo estágio em que se encontra, não muda nada para ele.
A
aprendizagem e o desenvolvimento andam juntos e, dependem da motivação
intrínseca e extrínseca do aluno. Acredito que o desenvolvimento de uma criança
depende muito de seu aprendizado. A aprendizagem é necessária e indispensável
para uma criança ou jovem para seu desenvolvimento como individuo ativo de uma
sociedade. A criança deve passar pelos processos de aprendizagem para aprender
e praticar o essencial para a vida em sociedade, levando em conta suas
capacidades e trabalhando com sua linguagem.
Ainda no meu local de trabalho, entrevistei uma funcionária
da secretaria sobre sua satisfação em realizar suas, como era a escola quando
ela era aluna e como é hoje, e soluções que ela apontaria para melhorar a
educação. Ela conta que no seu tempo de aluna, a escola e a sociedade de
maneira geral, era outra. Por ser um período militar, a disciplina era muito
presente, e casos de indisciplina eram tratados de forma autoritária, mas os
alunos não achavam errado, pois demonstravam o mesmo respeito que tinham pelos
pais, para os professores. Hoje a sociedade é outra, as famílias estão
desestruturadas e as crianças, os jovens e adolescentes, não sabem o que é
limite, nem o que significa respeito. Ela acredita que para melhorar a
educação, é preciso de um maior empenho e envolvimento das famílias na educação
de seus filhos, e também de mais programas e políticas de governo, que garantam
o acesso e a permanência dos alunos na escola, possibilitando uma diminuição do
envolvimento de nossos alunos no tráfico e na violência urbana, que hoje é tão
comum na nossa sociedade.
Num segundo momento, pesquisei na escola de estágio, C.E.
Francisco Azevedo Macedo, o que diz no PPP sobre inclusão, e perguntei a
pedagoga como ocorre esse processo na escola. A pedagoga me informou que a
inclusão é dever da escola portanto no PPP escolar consta sobre a importância
da inclusão dos educandos no ambiente escolar. Contudo, quando se fala em
inclusão, ela diz que já vem à mente da maioria das pessoas, a inclusão de
alunos portadores de algum tipo de deficiência, seja ela motora, física e/ou
cognitiva. Mas a inclusão no CEFAM, não se resume apenas a esses educandos, mas
se estende a todos os educandos que de alguma forma, possam estar se sentindo excluídos
do processo de ensino e aprendizagem. Por exemplo, uma questão muito recorrente
na escola sempre foi evidenciada pelas diferenças econômicas, para tanto a
escola é um ambiente onde todos devem estar uniformizados, assim, externamente,
não há evidência da diferença de classes no vestuário dos alunos. Outra questão
é sobre o bulling, que além de uma maneira de exclusão, é também, uma forma
muito séria e grave de violência; por isso todos os educadores da escola se
envolvem nessa questão, para identificar o mais rápido possível a presença
dessa violência, e levar ao conhecimento da equipe pedagógica, para que sejam
tomadas as providências necessárias. E como não falar em relacionamentos
homoafetivos, ou diversidade de orientações sexuais, outro assunto que causa
estranheza, preconceito e por vezes exclusão. Por isso, que o setor pedagógico,
bem como todos os educadores da escola devem estar atentos a quaisquer sinais
de exclusão, preconceito e violência, para que a escola possa garantir o direito
de todos os estudantes, de acesso ao conhecimento. E dessa forma, todas as
políticas de inclusão sejam levadas em consideração.
A última etapa das atividades desse módulo, era ler o texto
presente na página 74 à 78, da apostila do módulo 4 e responder as questões
sobre educação inclusiva. Segundo o próprio texto, entende-se por educação inclusiva,
“o processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais ou
com distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino, em todos os seus graus
de escolaridade” (página 74). Contudo, os desafios para que essa inclusão seja
realmente concretizada na escola, é muito grande. A legislação já garante que
ela aconteça, mas muitos outros recursos, sejam eles financeiros, ou humanos,
devem cercear o processo, para que se possa garantir na inclusão com êxito dos
alunos com necessidades educacionais especiais. No caso da pessoa com
deficiência múltipla, nunca vivenciei esse tipo de situação, mas acredito que
não se deve levar em consideração a quantidade de deficiência, e sim garantir a
estrutura necessária para incluir esse educando, garantindo as interações
sociais, que todos temos direito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização deste estudo, cada
vez mais, percebo da importância de se promover a inclusão nos espaços
escolares. Recentemente realizei um trabalho sobre o mesmo tema na universidade
e após a realização de um estudo de caso com um aluno da rede municipal,
portador de deficiência visual, de 5 anos de idade, meus conceitos sobre a
educação especial, especificamente sobre a inclusão mudou. Até bem pouco tempo
atrás eu era contra a inclusão, nas escolas regulares, dos alunos portadores de
deficiência. Muito provavelmente, pelo pouco que eu observei. Quando eu era
criança, devia ter meus 11 ou 12 anos, estudei numa escola onde vi, pela
primeira vez, uma "inclusão". Os alunos de classe especial passaram a
estudar no ensino regular, porém, ainda em classe especial. Ao invés de fazerem
parte do corpo discente, pareciam estar sempre à margem. Eu via claramente, um
processo de segregação sendo acentuado e legitimado dentro da escola. Nessa
classe especial havia apenas uma aluna, portadora da síndrome de down e por
várias vezes a encontrei chorando no banheiro, os outros eram alunos de
aceleração. Ela era mais velha, devia ter seus 17 ou 18 anos, e sempre que eu
ia falar com ela, me tratava com agressividade e grosseria. Hoje, imagino que
ela mantinha um comportamento agressivo, justamente pelo preconceito por ela
sofrido. Nessa época eu achava que não devia ter classe especial na escola, não
por ser preconceituosa, mas por que eu sentia "pena" e via o
sofrimento dela.
Anos mais tarde, eu voltei a ter
contato com essa tal de "inclusão". Trabalhando como funcionária de
escola estadual, pude observar alguns casos interessantes. Na escola que eu
trabalhava havia dois alunos cadeirantes e uma aluna surda. A escola tentou se
adaptar para garantir o direito de acessibilidade aos alunos, contudo mesmo as
rampas eram íngremes e os alunos não conseguiam se locomover por todos os
espaços escolares. Havia um funcionário designado para auxiliar os cadeirantes,
mas o contrato deste funcionário era temporário e por isso nem sempre o
funcionário estava presente na escola. No caso da aluna surda, ela tinha uma
professora intérprete, mas assim como no caso anterior a maioria dos
professores de apoio permanente são contratos temporários. Sem contar que a
professora intérprete não fica em sala nas 5 aulas diárias e nem na sua
hora-atividade.
Porém, quando entrei em contato com
o caso do Deyvid, e com a Escola Municipal Francisco Klemtz, minhas visões e
conceitos mudaram radicalmente. Segundo a professora regente, a turma recebeu
muito bem o pequeno Deyvid (5 anos). Contudo, eles infantilizavam o colega.
Queriam fazer tudo por ele. Acreditando que ele não era capaz de realizar as
atividades sozinho. A professora percebendo essa situação, passou a intermediar
para que o aluno tivesse seu desenvolvimento e interação assegurados. Ela
começou a evidenciar para os demais colegas, os êxitos e sucessos do Deyvid.
Ela percebeu que ele tinha um desenvolvimento cognitivo compatível com sua
idade, e também uma ótima oralidade e autonomia fonética. O que fez os demais
colegas o tratarem como igual, e por vezes "melhor" do que eles, pois
em algumas áreas ele se destaca, sem ser vitimizado, ele hoje faz parte do
grupo de "competição" entre os alunos para ver quem é o melhor (algo
muito comum para a idade).
A escola conta com o apoio de vários
profissionais que acompanham o desenvolvimento do aluno. Ele tem uma professora
apoio que fica com ele tempo integral, nas aulas de área do conhecimento. Em
duas tardes, no contraturno escolar, ele tem dois professores cegos que o
introduzem na alfabetização em braile. Sem contar nas atividades desenvolvidas
no Instituto Paranaense de Cegos, e o material que uma funcionária do IPC
elabora exclusivamente para ele, em braile e igual ao utilizado pelas
professoras no ensino regular. A família também é atuante, e por vezes se reúne
com os professores, as pedagogas, e o pessoal do IPC para avaliar o
desenvolvimento do Deyvid.
E foi quando eu vi toda uma
estrutura, todo apoio e suporte, que oportuniza a igualdade, e o acesso do
aluno portador de deficiência, seja ela de qualquer natureza, que eu passei a ser
a favor da verdadeira INCLUSÃO e mais do que isso, comecei a mobilizar uma ação
na escola onde trabalho (não é mais a mesma do primeiro relato), pois temos em
sala alunos com síndrome de asperger, transtorno bipolar, baixa visão,
deficiência intelectual; e apenas uma professora apoio (contrato PSS).
Conversei com a diretora para buscarmos material ampliado para alunos de baixa
visão, e ao menos mais uma professora apoio (de preferência do quadro próprio
do magistério). Sem falar, na capacitação dos professores e funcionários que
trabalham diretamente com essas crianças.
Nada ainda mudou, mas acredito que
apenas as mudanças que ocorreram em mim já foram o suficiente para eu ver de
forma diferente e para desmitificar e desestigmatizar aquela ideia (preconceituosa)
que temos de que eles não são capazes, de que eles não podem ser autônomos. Ao
contrário, por vezes eles são muito mais dispostos e capazes do que nós (que
nos consideramos normais) mas reclamamos de tudo o tempo todo. E assim como a
pedagoga do CEFAM comentou, devemos nos preocupar e nos preparar para garantir
todos os tipos de inclusão dentro do ambiente escolar, e também dentro da nossa
sociedade.
- O vídeo abaixo é um material feito por mim, sobre o estudo de caso comentado acima.
http://youtu.be/FkKLEQ12f7I
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