sexta-feira, 18 de julho de 2014

PPS Módulo 04

INTRODUÇÃO
Este relatório tem por objetivo descrever todas as atividades realizadas na Prática Profissional Supervisionada. Num primeiro momento conversei com uma professora do Colégio Estadual Mal. Cândido Rondon sobre aprendizagem e desenvolvimento, depois realizei uma entrevista com uma funcionária da secretaria sobre sua satisfação em realizar suas, como era a escola quando ela era aluna e como é hoje, e soluções que ela apontaria para melhorar a educação. Num segundo momento, pesquisei na escola de estágio, C.E. Francisco Azevedo Macedo, o que diz no PPP sobre inclusão, e perguntei a pedagoga como ocorre esse processo na escola.

DESENVOLVIMENTO
           
      Comecei a realizar as atividades no meu local de trabalho. Conversei com uma professora do Colégio Estadual Mal. Cândido Rondon sobre aprendizagem e desenvolvimento, perguntei o que para ela, era cada um e se eles se relacionavam entre si. Sua resposta foi a seguinte:
      “A aprendizagem é alçada a uma posição de extrema importância, na medida em que se constitui em condição fundamental para o desenvolvimento das características humanas não naturais, mas formadas historicamente, o que equivale dizer, para o “ser e agir” no mundo.
      Aprendizagem e desenvolvimento se correlacionam, para haver aprendizagem necessita do desenvolvimento, e havendo o desenvolvimento acontece a aprendizagem. Pois um processo de aprendizagem organizado ativa processos de desenvolvimento. Entendo que a partir da aprendizagem efetiva há o desenvolvimento intelectual do educando, pois sem aprendizagem não há desenvolvimento. Se o educando não aprende ele fica no mesmo estágio em que se encontra, não muda nada para ele.
A aprendizagem e o desenvolvimento andam juntos e, dependem da motivação intrínseca e extrínseca do aluno. Acredito que o desenvolvimento de uma criança depende muito de seu aprendizado. A aprendizagem é necessária e indispensável para uma criança ou jovem para seu desenvolvimento como individuo ativo de uma sociedade. A criança deve passar pelos processos de aprendizagem para aprender e praticar o essencial para a vida em sociedade, levando em conta suas capacidades e trabalhando com sua linguagem.

Ainda no meu local de trabalho, entrevistei uma funcionária da secretaria sobre sua satisfação em realizar suas, como era a escola quando ela era aluna e como é hoje, e soluções que ela apontaria para melhorar a educação. Ela conta que no seu tempo de aluna, a escola e a sociedade de maneira geral, era outra. Por ser um período militar, a disciplina era muito presente, e casos de indisciplina eram tratados de forma autoritária, mas os alunos não achavam errado, pois demonstravam o mesmo respeito que tinham pelos pais, para os professores. Hoje a sociedade é outra, as famílias estão desestruturadas e as crianças, os jovens e adolescentes, não sabem o que é limite, nem o que significa respeito. Ela acredita que para melhorar a educação, é preciso de um maior empenho e envolvimento das famílias na educação de seus filhos, e também de mais programas e políticas de governo, que garantam o acesso e a permanência dos alunos na escola, possibilitando uma diminuição do envolvimento de nossos alunos no tráfico e na violência urbana, que hoje é tão comum na nossa sociedade.
Num segundo momento, pesquisei na escola de estágio, C.E. Francisco Azevedo Macedo, o que diz no PPP sobre inclusão, e perguntei a pedagoga como ocorre esse processo na escola. A pedagoga me informou que a inclusão é dever da escola portanto no PPP escolar consta sobre a importância da inclusão dos educandos no ambiente escolar. Contudo, quando se fala em inclusão, ela diz que já vem à mente da maioria das pessoas, a inclusão de alunos portadores de algum tipo de deficiência, seja ela motora, física e/ou cognitiva. Mas a inclusão no CEFAM, não se resume apenas a esses educandos, mas se estende a todos os educandos que de alguma forma, possam estar se sentindo excluídos do processo de ensino e aprendizagem. Por exemplo, uma questão muito recorrente na escola sempre foi evidenciada pelas diferenças econômicas, para tanto a escola é um ambiente onde todos devem estar uniformizados, assim, externamente, não há evidência da diferença de classes no vestuário dos alunos. Outra questão é sobre o bulling, que além de uma maneira de exclusão, é também, uma forma muito séria e grave de violência; por isso todos os educadores da escola se envolvem nessa questão, para identificar o mais rápido possível a presença dessa violência, e levar ao conhecimento da equipe pedagógica, para que sejam tomadas as providências necessárias. E como não falar em relacionamentos homoafetivos, ou diversidade de orientações sexuais, outro assunto que causa estranheza, preconceito e por vezes exclusão. Por isso, que o setor pedagógico, bem como todos os educadores da escola devem estar atentos a quaisquer sinais de exclusão, preconceito e violência, para que a escola possa garantir o direito de todos os estudantes, de acesso ao conhecimento. E dessa forma, todas as políticas de inclusão sejam levadas em consideração.
A última etapa das atividades desse módulo, era ler o texto presente na página 74 à 78, da apostila do módulo 4 e responder as questões sobre educação inclusiva. Segundo o próprio texto, entende-se por educação inclusiva, “o processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais ou com distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino, em todos os seus graus de escolaridade” (página 74). Contudo, os desafios para que essa inclusão seja realmente concretizada na escola, é muito grande. A legislação já garante que ela aconteça, mas muitos outros recursos, sejam eles financeiros, ou humanos, devem cercear o processo, para que se possa garantir na inclusão com êxito dos alunos com necessidades educacionais especiais. No caso da pessoa com deficiência múltipla, nunca vivenciei esse tipo de situação, mas acredito que não se deve levar em consideração a quantidade de deficiência, e sim garantir a estrutura necessária para incluir esse educando, garantindo as interações sociais, que todos temos direito.


           
CONSIDERAÇÕES FINAIS


            Após a realização deste estudo, cada vez mais, percebo da importância de se promover a inclusão nos espaços escolares. Recentemente realizei um trabalho sobre o mesmo tema na universidade e após a realização de um estudo de caso com um aluno da rede municipal, portador de deficiência visual, de 5 anos de idade, meus conceitos sobre a educação especial, especificamente sobre a inclusão mudou. Até bem pouco tempo atrás eu era contra a inclusão, nas escolas regulares, dos alunos portadores de deficiência. Muito provavelmente, pelo pouco que eu observei. Quando eu era criança, devia ter meus 11 ou 12 anos, estudei numa escola onde vi, pela primeira vez, uma "inclusão". Os alunos de classe especial passaram a estudar no ensino regular, porém, ainda em classe especial. Ao invés de fazerem parte do corpo discente, pareciam estar sempre à margem. Eu via claramente, um processo de segregação sendo acentuado e legitimado dentro da escola. Nessa classe especial havia apenas uma aluna, portadora da síndrome de down e por várias vezes a encontrei chorando no banheiro, os outros eram alunos de aceleração. Ela era mais velha, devia ter seus 17 ou 18 anos, e sempre que eu ia falar com ela, me tratava com agressividade e grosseria. Hoje, imagino que ela mantinha um comportamento agressivo, justamente pelo preconceito por ela sofrido. Nessa época eu achava que não devia ter classe especial na escola, não por ser preconceituosa, mas por que eu sentia "pena" e via o sofrimento dela.
            Anos mais tarde, eu voltei a ter contato com essa tal de "inclusão". Trabalhando como funcionária de escola estadual, pude observar alguns casos interessantes. Na escola que eu trabalhava havia dois alunos cadeirantes e uma aluna surda. A escola tentou se adaptar para garantir o direito de acessibilidade aos alunos, contudo mesmo as rampas eram íngremes e os alunos não conseguiam se locomover por todos os espaços escolares. Havia um funcionário designado para auxiliar os cadeirantes, mas o contrato deste funcionário era temporário e por isso nem sempre o funcionário estava presente na escola. No caso da aluna surda, ela tinha uma professora intérprete, mas assim como no caso anterior a maioria dos professores de apoio permanente são contratos temporários. Sem contar que a professora intérprete não fica em sala nas 5 aulas diárias e nem na sua hora-atividade.
            Porém, quando entrei em contato com o caso do Deyvid, e com a Escola Municipal Francisco Klemtz, minhas visões e conceitos mudaram radicalmente. Segundo a professora regente, a turma recebeu muito bem o pequeno Deyvid (5 anos). Contudo, eles infantilizavam o colega. Queriam fazer tudo por ele. Acreditando que ele não era capaz de realizar as atividades sozinho. A professora percebendo essa situação, passou a intermediar para que o aluno tivesse seu desenvolvimento e interação assegurados. Ela começou a evidenciar para os demais colegas, os êxitos e sucessos do Deyvid. Ela percebeu que ele tinha um desenvolvimento cognitivo compatível com sua idade, e também uma ótima oralidade e autonomia fonética. O que fez os demais colegas o tratarem como igual, e por vezes "melhor" do que eles, pois em algumas áreas ele se destaca, sem ser vitimizado, ele hoje faz parte do grupo de "competição" entre os alunos para ver quem é o melhor (algo muito comum para a idade).
            A escola conta com o apoio de vários profissionais que acompanham o desenvolvimento do aluno. Ele tem uma professora apoio que fica com ele tempo integral, nas aulas de área do conhecimento. Em duas tardes, no contraturno escolar, ele tem dois professores cegos que o introduzem na alfabetização em braile. Sem contar nas atividades desenvolvidas no Instituto Paranaense de Cegos, e o material que uma funcionária do IPC elabora exclusivamente para ele, em braile e igual ao utilizado pelas professoras no ensino regular. A família também é atuante, e por vezes se reúne com os professores, as pedagogas, e o pessoal do IPC para avaliar o desenvolvimento do Deyvid.
            E foi quando eu vi toda uma estrutura, todo apoio e suporte, que oportuniza a igualdade, e o acesso do aluno portador de deficiência, seja ela de qualquer natureza, que eu passei a ser a favor da verdadeira INCLUSÃO e mais do que isso, comecei a mobilizar uma ação na escola onde trabalho (não é mais a mesma do primeiro relato), pois temos em sala alunos com síndrome de asperger, transtorno bipolar, baixa visão, deficiência intelectual; e apenas uma professora apoio (contrato PSS). Conversei com a diretora para buscarmos material ampliado para alunos de baixa visão, e ao menos mais uma professora apoio (de preferência do quadro próprio do magistério). Sem falar, na capacitação dos professores e funcionários que trabalham diretamente com essas crianças.
            Nada ainda mudou, mas acredito que apenas as mudanças que ocorreram em mim já foram o suficiente para eu ver de forma diferente e para desmitificar e desestigmatizar aquela ideia (preconceituosa) que temos de que eles não são capazes, de que eles não podem ser autônomos. Ao contrário, por vezes eles são muito mais dispostos e capazes do que nós (que nos consideramos normais) mas reclamamos de tudo o tempo todo. E assim como a pedagoga do CEFAM comentou, devemos nos preocupar e nos preparar para garantir todos os tipos de inclusão dentro do ambiente escolar, e também dentro da nossa sociedade.



  • O vídeo abaixo é um material feito por mim, sobre o estudo de caso comentado acima.

http://youtu.be/FkKLEQ12f7I

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